O prefeito Luciano Cartaxo está terminando o segundo mandato com uma notícia boa e outra ruim. A boa é que a gestão continua bem avaliada, sempre acima da média. A ruim é que ainda não há um nome forte para a sucessão em 2020.
Ter uma gestão bem avaliada é meio caminho andado para eleger um sucessor. Tivemos um exemplo da força da avaliação positiva com a eleição de João Azevedo para o governo do Estado. Um neófito em eleições que acabou vencendo no 1° turno. É claro que teve aquela ‘forcinha’ substancial da propina da Cruz Vermelha e todo o mecanismo da ORCRIM girassol, como descobriu o Ministério Público. E também contou com os inúmeros erros e a desunião da oposição.
Mas a avaliação do governo de Ricardo Coutinho – mesmo que manipulada pela propaganda e o ‘calaboca’ da grande mídia – foi determinante pra a eleição de João. Na lógica do eleitor, se o governo é bom, não há motivos para mudar.
A mesma lógica se repetiria na eleição municipal.
O nome de Diego Tavares, empresário, secretário municipal e suplente da senadora Daniella Ribeiro, era tido como certo para a sucessão do prefeito Luciano Cartaxo, mas foi chamuscado pelos áudios envolvendo Adalberto Fulgêncio. E entrar numa eleição com teto de vidro não é nada bom.
Além disso, a baixa popularidade de Diego Tavares seria um risco. Principalmente numa campanha de apenas 50 dias.
Dentro do partido de Cartaxo, há ainda o ex-vereador e secretário de Transparência Pública, Bira Pereira. Bira tem a seu favor um recall (lembrança no eleitorado) adquirido nos dois mandatos de vereador, o que lhe garante uma popularidade razoável para largar bem numa campanha curta. Também conta a favor do ex-vereador uma boa retórica para enfrentar os debates.
O perfil de Bira é outro ponto positivo. Mais ao centro e com baixa rejeição, tem a mesma trajetória dos últimos prefeitos da Capital, que começaram a carreira política nos movimentos estudantis e sociais. Mas para chegar competitivo em 2020, Bira precisaria assumir uma secretaria com mais visibilidade e projeção na grande mídia.
Ao lado de Nonato Bandeira, Roseana Meira e Ronaldo Guerra, Bira foi determinante no apoio de Luciano Agra a Cartaxo, em 2012. Talvez seja o momento do prefeito retribuir o gesto e lealdade de Bira desde então.
Helton René é outra boa opção. Há quase oitos anos a frente do PROCON-JP, o vereador licenciado tem conquistado muito popularidade na defesa do consumidor, sempre ocupando espaços na grande mídia, o que lhe garante um bom recall para começar uma campanha.
Helton tem forte presença nas redes sociais – sendo o vereador com mais seguidores no Instagram – e uma boa aceitação no público evangélico e jovem de João Pessoa. Também possui uma boa retórica para defender a gestão nos debates.
Fora do partido, Luciano Cartaxo pode optar por aliados como o deputado federal Ruy Carneiro e o estadual Wallber Virgolino.
Ruy Carneiro, que já disputou a prefeitura em 2004, e foi vice de Cássio em 2014, tem um bom recall em João Pessoa e sempre desempenhou um mandato acima da média, principalmente como deputado federal.
Ruy reconquistou seu mandato na eleição de 2018, sendo o segundo mais votado de João Pessoa com 6,05%.
Em 2016, antes de aderir à reeleição de Cartaxo, Ruy aparecia nas pesquisas em 2° lugar, fato que confirma seu favoritismo entre os aliados do prefeito. Ruy também foi secretário do Estado e tem experiência suficiente na administração pública para passar segurança aos eleitores.
Com 30 mil votos só em João Pessoa, Wallber foi o deputado estadual mais votado e conquistou 8,13% do eleitorado. É uma votação muito expressiva que faz do delegado um candidato competitivo para a sucessão municipal.
Virgolino tem se destacado muito nos embates contra o ex-governador Ricardo Coutinho e na defesa da Operação Calvário. Entretanto, bandeiras conservadoras do bolsonarismo podem prejudicá-lo numa disputa majoritária. Ainda mais agora com o fiasco e as inúmeras crises do governo Bolsonaro.
A atuação de Wallber nas redes sociais é impressionante e muitos seguidores já defendem seu nome para disputar a prefeitura. O deputado revelou ao blog que é candidato de qualquer jeito, com ou sem apoios.
Wallber também tem experiência na administração pública, pois foi secretário de Administração Penitenciária na Paraíba e Rio Grande do Norte. E tem como ponto positivo a imagem associado ao combate à corrupção.
Diante das opções, Cartaxo tem bons nomes para construir um sucessor, mas precisa agir desde já. Virar o ano sem ter um pré-candidato será um risco enorme e pode comprometer a sucessão.
Mais uma vez a sorte estará ao lado de Luciano Cartaxo, já que o ex-governador Ricardo Coutinho deverá chegar em 2020 com a ficha suja, seja pela Aije do Empreender, que tramita no TRE, ou pelas outras duas que aguardam julgamento no TSE. E ainda tem a Operação Calvário, que vai botar muito girassol na cadeia.