Bolsonarista que agrediu enfermeiras em protesto recebia sem ir trabalhar

Desligado da empresa terceirizada do Ministério da Mulher, Família e dos Direitos Humanos após agredir enfermeiras durante manifestação em homenagem aos servidores da Saúde, realizada na última sexta-feira (01/05), Renan da Silva Sena era procurado por ter desaparecido do serviço após ser escalado para realizar o teletrabalho. O agressor foi incluído no considerado “grupo de risco” e, por isso, precisava exercer as funções contratuais da própria casa, fato que não ocorreu.

De acordo com a empresa G4F, responsável pelo contrato, Renan Sena não estava sendo localizado pelo ministério desde que a rotina profissional ganhou novo formato. “Fomos comunicados pelo Ministério, no dia 16 de abril, que o setor ao qual ele estava vinculado não conseguia contato com o então colaborador. Nosso setor de recursos humanos fez todos os esforços para localizá-lo, pois havia uma suspeita de que ele poderia estar com problemas de saúde”, registrou o grupo, em nota enviada à imprensa.

Ainda segundo a terceirizada, o manifestante pró-Bolsonaro somente foi encontrado quase um mês depois. “Verificamos e reportamos aos gestores do contrato que o afastamento dele não era justificado. No mesmo dia, o MDH solicitou o desligamento do citado funcionário. Em atenção à legislação trabalhista, o procedimento adotado foi o de descontar os dias não trabalhados e encerrar o contrato ao final do prazo de experiência, no dia 4 de maio”, reiterou a empresa.

A corporação informa ainda que “a decisão acerca do desligamento do então colaborador já havia sido tomada antes mesmo do dia 1º de maio e o ex-colaborador fora afastado de suas atividades junto ao ministério desde o dia 23 de abril, não exercendo quaisquer atividades relacionadas ao órgão a partir daquela data. Assim, ele seria desligado ainda que não tivesse participado dos episódios lamentáveis e absolutamente condenáveis aos quais está supostamente vinculado”.

A empresa também se solidarizou com os enfermeiros e com todos os profissionais de saúde do Brasil e do mundo, que estão dedicando suas vidas ao combate da Covid-19 e pede para que os enfermeiros atingidos nesse episódio lamentável aceitem os votos de admiração e respeito. “Merecem nossos aplausos”, finalizou.

A reportagem tentou contato Renan Sena, por meio de telefones fixos, redes sociais e WhatsApp, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem. O espaço segue aberto para eventuais manifestações.

O homem que aparece em gravações divulgadas na internet agredindo profissionais da saúde durante uma manifestação pacífica na Praça dos Três Poderes era funcionário terceirizado do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH). Renan da Silva Sena chegou a xingar e cuspir nas enfermeiras durante o ato.

No ministério chefiado por Damares Alves, Sena atuou como analista de projetos do setor socioeducativo. O contrato dele foi feito por intermédio da G4F Soluções Corporativas Ltda. Contratada por R$ 20 milhões, a empresa presta serviços nas áreas de apoio administrativos e operacional à pasta e demitiu o funcionário nessa segunda-feira (04/05).

Nas redes sociais, Renan costuma fazer publicações em apoio ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Na noite dessa segunda-feira (04/05), o seu perfil no Facebook foi tomado por comentários de protesto. Internautas repudiaram os atos. “Ameaçar mulher é fácil, né, covarde?”, publicou um homem. Apenas em uma publicação, são mais de 50 mil comentários.

O Ministério Público do Distrito Federa e Territórios (MPDFT), em parceria com a Polícia Civil (PCDF), instauraram investigação para apurar o ato de violência.

Segundo o Conselho Federal de Enfermagem, no Brasil, mais de 8 mil enfermeiros foram contaminados pela Covid-19 e o DF tem 24 casos Divulgação/Coren-DF.

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