Cabo Gilberto é um deputado sério e um dos mais atuantes da oposição. Tem feito jus à farda e o combate à corrupção é uma de suas bandeiras. Mas vacilou ao publicar uma foto com o filho bandido de Bolsonaro, Flávio, investigado pela prática da “rachadinha”: desvio de dinheiro público através dos salários de assessores.
Flávio Bolsonaro foi mais além, financiou e lucrou com a construção ilegal de prédios erguidos pela milícia usando dinheiro público. É o que mostram documentos sigilosos e dados levantados pelo Ministério Público do Rio de Janeiro aos quais o Intercept teve acesso. A investigação preocupa a família Bolsonaro – os advogados do senador já pediram por nove vezes que o procedimento seja suspenso.
Apesar de ter sido beneficiado eleitoralmente pela onda Bolsonaro, Cabo Gilberto sempre teve vida própria e já atuava na política antes mesmo do paraibano conhecer o Jair. Ou seja, Cabo não deve nada a Flávio Bolsonaro.
É muita incoerência ser um pitbull contra a corrupção local e um poodle quando se trata da corrupção na família Bolsonaro. E o pior, diante de evidências cabais o deputado ainda se propõe a fazer a defesa de Flávio Bolsonaro. Na prática, o parlamentar agiu como aquele petista cego que não enxerga a realidade e acha que o partido é o mais honesto do mundo:
O deputado precisa entender que ele não deve seu mandato à família de milicianos, mas ao eleitor da Paraíba que acreditou (e acredita) no seu posicionamento contra a corrupção. É incongruente criticar a corrupção local e alisar bandido da esfera nacional.
O próprio eleitor de Cabo Gilberto se sentiu decepcionado com a postagem da foto ao lado de Flávio Bolsonaro. Fazendo uma analogia, parece até aquela foto de Sérgio Moro confraternizando com Aécio Neves e Temer:
Cabo Gilberto tem futuro e é bem intencionado, mas não pode se deixar cegar pelo fanatismo que assola tanto a esquerda como a direita. Bandido é bandido, não importa se a cor da camisa é vermelha ou verde e amarela.