Considerada o “caixa” da ORCRIM girassol pela força-tarefa da Operação Calvário, a delação de Livânia Farias, mulher de confiança de Ricardo Coutinho, tem potencial para cassar João Azevedo e uma dúzia de parlamentares da base do governo.
Já é “prego batido e ponta virada” que a propina da Cruz Vermelha, desviada em contratos da Saúde, vêm abastecendo sistematicamente as campanhas do PSB e aliados na Paraíba, entre elas a de Ricardo Coutinho (2014) e João Azevedo (2018), de acordo com as delações e investigações.
Além de ratificar a delação de Leandro Nunes (ex-assessor e operador da propina) e os depoimentos dos empresários que receberam através de caixa dois, a delação de Livânia Farias vai substanciar o conjunto probatório do Ministério Público, que não terá outra saída senão pedir o afastamento e a cassação de João Azevedo, ainda em 2019.
De acordo com as investigações, em agosto de 2018, Leandro Nunes, assessor da Secretaria de Administração da Paraíba, recebeu uma caixa com dinheiro em um hotel no Rio de Janeiro. O dinheiro foi entregue por Michele Cardoso, braço direito de Daniel Gomes da Silva, acusado de comandar a organização criminosa:
Segundo o Ministério Público, horas antes de pegar a caixa, Leandro recebeu uma ligação de Waldson Souza, atual secretário de Planejamento:
Meia hora antes do encontro no hotel, Leandro Nunes recebeu uma outra ligação de um celular pertencente à secretaria de Administração, comandada por Livânia Farias, onde Leandro supostamente trabalhava:
No celular de Michele Cardoso, assessora do chefe do esquema, o MP encontrou mensagens de texto comprovando que a propina era utilizada para campanhas eleitorais na Paraíba:
As conversas de Michele Cardoso, a mulher da caixa com dinheiro, revelava o desespero com a provável derrota de Ricardo Coutinho e, consequentemente, o fim do contrato com a Cruz Vermelha:
Mas, o que tem sido motivo de dor de cabeça para RC e aliados próximos é o registro na sentença de Ricardo Vital, de que a propina apurada pelo Gaeco teria irrigado a sua campanha eleitoral 2014, quando disputou a reeleição. No documento fica explícito que Michelle Louzada Cardozo (secretária particular de Daniel Gomes) fez entrega de dinheiro destinado a campanha eleitoral na Paraíba.
A investigação também identificou, em junho de 2018, seis chamadas feitas para o celular de Coriolano Coutinho, o famoso “Cori”, irmão de Ricardo Coutinho. Coriolano já se envolveu em outra denúncia de corrupção quando era Superintendente da Emlur, no caso que ficou conhecido como o escândalo do “gari milionário”, sendo atestado pelo Ministério Público a fraude em licitação e lavagem de dinheiro:
De acordo com o MP, Jaime Gomes da Silva, tio de Daniel Gomes (chefe da quadrilha), doou R$ 300 mil para o comitê estadual do PSB, em 2010. A doação foi realizada 8 meses antes do hospital de Trauma ser terceirizado para a Cruz Vermelha:
CONFIRA TRECHO DO DEPOIMENTO DE LEANDRO…