Entre os vários políticos delatados pelo ex-assessor jurídico da Secretaria de Saúde do Estado, Bruno Donato, no âmbito da Operação Calvário, o ex-prefeito da Cidade de Queimadas, Jacó Maciel, é mais um na lista. Conforme trecho da delação, o ex-gestor teve um encontro com o presidiário Coriolano Coutinho e o empresário Pietro Harley, para tratar da ‘questão dos livros’.
Vale lembrar que o empresário Pietro Harley teria chegado a formar uma empresa fantasma com Coriolano Coutinho justamente para este fim – a aquisição de livros. Ambos foram presos durante as duas fases da Operação Calvário, 11ª e 12ª. De acordo com a investigação, até 30% dos valores dos contratos – com a empresa de livros – teriam sido repassados a gestores públicos como forma de propina.
Pela delação, o esquema negociado junto à gestão Jacó Maciel prosperou, tanto é que os interessados estavam aguardando apenas o dinheiro para concretizar o esquema.
Confira trechos da delação:
No inicio do ano 2013, Pietro vendo uma enorme dificuldade de vender para o Estado devido a exposição dele tentou junto com Coriolano vender pelas prefeituras do Estado. Pietro em 2013 conheceu Ronaldo Lucena através de Thiago Rodrigues Torres De Medeiros, esse Ronaldo tinha aproximação com o prefeito de Queimadas, Jacó Maciel. Ronaldo disse que conseguiria fazer uma Ata de Registro naquele município (não seria vendido nenhum livro lá, só seria feito a Ata com o objetivo de vender em outros municípios). A pedido de Coriolano eu compareci junto com Pietro no começo do ano 2013, lá na prefeitura, eu iria para falar com o prefeito como seria o tramite do processo, pois este tinha acabado de se eleger e não tinha nem procurador geral no tempo, inclusive me lembro que este estava com um problema com a licitação de combustível de automóvel, dei uma solução jurídica sobre este problema e nessa ocasião ele me perguntou se eu não poderia ser procurador de lá, eu disse que não poderia pois não tinha tempo, foi ai que Pietro colocou Rafael Sedrim (amigo meu de faculdade, que apresentei a Pietro pois ele estava precisando de um advogado eleitoral para coordenar a campanha da sua sogra na cidade de Taperoá), Rafael, se eu não me engano trabalhou lá por alguns meses como procurador.
Não me recordo o dia, (mais basta verificar na minha conta de telefone) estava em casa quando Pietro me liga tarde da noite de um telefone desconhecido dizendo que ele, Coriolano e Ronaldo teriam sido assaltados e que eu ligasse para alguém do comando da PM ajudá-los, liguei para Cel. Souza Neto comandante de Campina Grande informando que Coriolano Coutinho teria sido assaltado em uma fazenda em Queimadas, ele disse que já estava sabendo e que iria para lá. No outro dia, soube que o motivo de Coriolano ter ido lá foi para falar com Jacó para ver a questão do processo dos livros de Pietro. Passou alguns dias depois, Ronaldo me liga e diz que precisa falar comigo, informei a esse que estava na Oficina do Espeto no Bessa e que estava lhe aguardando, chegando lá me disse que estava precisando falar muito com Coriolano, pois ele havia pedido para que ele (Ronaldo) resolvesse uma situação lá em queimadas e que o pessoal que resolveu estava aguardando o dinheiro, e que ligou diversas vezes para ele não estava conseguindo, peguei o meu celular e inventei que estava tentando ligar para Coriolano e disse que o telefone só chamava (inventei porque Cori era muito chato, se ele não estava atendendo Ronaldo é porque ele não queria falar com ele) e pedi para que Ronaldo ficasse tentando ligar para ele. Tempo depois verificando os blogs de política, os quais via diariamente, principalmente o da oposição, não me lembro qual foi, vi que uma advogada estaria acusando
Coriolano de um homicídio lá em Queimadas de um suposto assaltante, nesse dia fiquei muito amedrontado, pensando que isso poderia ter realmente ocorrido. (Ressalto que este fato tenho receio de falar).