Decisões políticas de Kássio Nunes prejudicam recurso de Ricardo Coutinho no STF

As recentes decisões liminares do ministro do STF, Kássio Nunes, contrariando cassações do Tribunal Superior Eleitoral em benefício de dois bolsonaristas prejudicam o ex-governador Ricardo Coutinho, que busca uma mesma liminar no Supremo para concorrer às eleições em outubro.

Respaldado pelo art. 26-C da Lei Complementar 64/90, o ex-governador interpôs recurso extraordinário no STF para suspender a inelegibilidade decorrente das duas cassações de 2020 no TSE:

Art. 26-C. O órgão colegiado do tribunal ao qual couber a apreciação do recurso contra as decisões colegiadas a que se referem as alíneas d, e, h, j, l e n do inciso I do art. 1º poderá, em caráter cautelar, suspender a inelegibilidade sempre que existir plausibilidade da pretensão recursal e desde que a providência tenha sido expressamente requerida, sob pena de preclusão, por ocasião da interposição do recurso.

A decisão monocrática do ministro bolsonarista tem gerado críticas dentro e fora do judiciário, pois, além de suspender liminarmente uma decisão do TSE, Kássio Nunes agiu politicamente para agradar o presidente Bolsonaro, o que aumenta ainda mais as críticas à brecha existente na Lei de Inelegibilidade que beneficia políticos com a ficha-suja.

Nos bastidores do judiciário já há um consenso de que a decisão de Kássio Nunes será derrubada na Segunda Turma ou no plenário do Supremo, criando um clima de respeito e mais rigor com as decisões do Tribunal Superior Eleitoral.

No mínimo, a ministra Carmém Lúcia, relatora do recurso de Ricardo Coutinho, estará constrangida em suspender uma decisão unânime do TSE, como o fez seu colega.

E mais: mesmo que leve o recurso do ex-governador para uma decisão colegiada, é importante destacar que todos os ministros do STF – que também fazem parte do TSE – votaram pela condenação de RC.

Em resumo, o clima agora no STF não é favorável àqueles que buscam uma brecha na lei, no caso, o art. 26-C da Lei de Inelegibilidade.

 

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