O Centrão está lambendo os beiços. A aliança com o presidente Jair Bolsonaro vai render bons cargos em órgãos federais.
Quem anda muito feliz é o deputado federal Wilson Santiago, do PTB, mesmo partido de Roberto Jefferson, condenado no Mensalão.
Réu na operação Pés de Barro, Wilson Santiago deve indicar um aliado para comandar um importante órgão federal na Paraíba. Seria o DNIT?
A operação
A Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou o deputado federal Wilson Santiago (PTB-PB) e outras seis pessoas pelos crimes de corrupção passiva e organização criminosa. Entre os denunciados, está o prefeito de Uiraúna (PB), João Bosco Nonato Fernandes (PSDB).
O grupo é acusado de desviar recursos destinados à construção da adutora Capivara no sertão paraibano.
Segundo o Ministério Público, investigações revelaram que, entre outubro de 2018 e novembro de 2019, a empresa responsável pela construção da adutora, a Coenco Construções, recebeu R$ 14,7 milhões de dinheiro público e repassou, como propina, R$ 1,2 milhão a Wilson Santiago e R$ 633 mil a João Bosco Fernandes.
Licitação direcionada
Em julho de 2017, segundo a PGR, Wilson Santiago propôs a João Bosco e a um empresário o direcionamento da licitação da obra. A construção da adutora, segundo as investigações, foi licitada pelo município e paga com recursos federais.
Pelo acordo, conforme o MP, 15% de todo o investimento seria devolvido aos políticos, sendo 10% para Wilson Santiago e 5% para João Bosco.
Segundo a PGR, o contrato para a realização da obra foi assinado em abril de 2018 e, a partir dessa data, o deputado federal entrou em contato outras pessoas para poder viabilizar o repasse de propina.
A essas pessoas, de acordo com o Ministério Público, coube a coordenação das atividades da organização criminosa, o recolhimento da propina e o transporte de valores. Como contrapartida, participantes do esquema foram, segundo a PGR, nomeados em fevereiro deste ano no gabinete do deputado Wilson Santiago.
A PGR pede a condenação dos integrantes da organização criminosa e também a devolução de R$ 14,8 milhões.
“[Os integrantes do grupo], de comum acordo e em comunhão de vontades, passaram a integrar organização criminosa, associando-se de forma estruturalmente ordenada e mediante divisão de tarefas, com o objetivo de angariar vantagem patrimonial indevida”, diz trecho da denúncia assinada pelo procurador José Bonifácio de Andrada.