Mudanças de posturas são comuns em tempos de eleição… aliados se tornam adversários, elogio vira crítica e a qualidade de ontem não tarda a se transformar no defeito de hoje. Tudo vale para se adaptar à tática utilizada.
Uma narrativa bem elaborada pode assimilar bem, tais mudanças, e se constituir numa arma poderosa contra o oponente. Mas, se desconectada com a prática, a narrativa pode expor graves contradições. Pior, é quando essas contradições são lembradas pelos adversários ao longo do processo.
É o que está acontecendo nas redes sociais nesta quinta-feira. A brincadeira do #TBT (lembrança de quinta) que aliados da candidatura de Paulo Maia estão divulgando nas suas redes sociais é uma daquelas que derruba qualquer argumento eleitoral, pois expõe o distanciamento entre discurso e prática.
Trata-se de uma imagem onde o próprio Sheyner Ásfora aparece agraciando o atual presidente e candidato da reeleição, Paulo Maia, com uma honraria da ABRACRIM, entidade da qual é o presidente.
Mais do que uma provocação de adversários, a imagem fulmina parte da narrativa do candidato da oposição.
Como explicar para um eleitor qualificado – como é o eleitor da OAB – a conversão de discurso? A distância entre os elogios rasgados à crítica rasteira que o candidato da oposição imprime contra a atual gestão é de meses. Isso sem considerar o fato de, por muito pouco, não ter ele próprio integrado a chapa que hoje critica.
A candidatura de Sheyner vai ter que encontrar outra linha narrativa para tentar desconstruir a imagem de Paulo. Depois de hoje, críticas à gestão não surgirão o efeito esperado, pois um déficit de legitimidade foi evidenciado. E o #TB (a lembrança) não se resumirá às quintas.
Antes de confirmar a candidatura, Ásfora deveria ter previsto isto.
Existe uma expressão em latin que nos ensina muito sobre prudência: Antequam noveris, a laudando et vituperando abstine. “Antes que conheças, não louves nem ofendas”.
Ao que parece, Sheyner ignorou uma lição valiosa. Paulo agradece.