Em disputa pela filiação de Bolsonaro, PTB quer expulsar quadros “polêmicos”

Em disputa pela filiação de Jair Bolsonaro, o PTB de Roberto Jefferson estuda medidas mais severas, como a expulsão de quadros tidos como polêmicos do partido, entre eles, a filha do próprio Jefferson, a ex-deputada Cristiane Brasil. Nesse contexto, a sigla também vislumbra a possibilidade de expulsão do pastor Fadi Faraj e do blogueiro Oswaldo Eustáquio.

Segundo Graciela, a reação interna no partido à proposta de expulsão dos três está positiva. Ela sustenta que a situação da filha de Roberto Jefferson já estava ruim, porque tinha batido batido de frente com o pai e já havia perdido a presidência do partido no Rio. “Já vinha essa indisposição dentro do partido”, explica Graciela.

No caso do pastor Fadi Faraj, a presidente em exercício alega que ele quis “tornar o partido [uma] igreja”. Na semana passada, Faraj conseguiu na Justiça uma liminar reconduzindo-o ao comando do PTB no Distrito Federal. Ele estava afastado desde 31 de agosto deste ano, quando Graciela Nienov decidiu por sua destituição. A presidência nacional do PTB terá 15 dias para se manifestar sobre o tema.

Por fim, no caso do blogueiro bolsonarista, Graciela explica que Eustáquio comprou uma briga com a ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, e teria tentado envolver o partido no conflito pessoal. Ele disse que virou alvo da ministra após denunciar corrupção na pasta.

“A ministra Damares é uma mulher honrada, correta, e ele quis envolver o PTB nessa briga”, critica Graciela.

PTB não quer repetir o erro do Patriota

Bolsonaro está há quase dois anos sem partido. Nos últimos meses, ensaiou aproximações com algumas siglas. A mais recente delas, com o Patriota. Em maio, Flávio Bolsonaro se filiou ao partido, com a promessa de levar o pai logo depois. Quatro meses depois, o presidente da legenda, Adilson Barroso, foi retirado definitivamente do comando da sigla, e Flávio Bolsonaro ficou a ver navios.

Graciela se reuniu na segunda-feira da semana passada (27/9) com Bolsonaro para tratar da possível filiação e disse estar confiante na ida do presidente, apesar de ele não ter dado um prazo para tomar a decisão. Na quarta-feira (29/9), ela pediu que todos os dirigentes estaduais do partido assinassem um documento pedindo a vinda da família Bolsonaro.

Como noticiou a coluna de Guilherme Amado, além de buscar se fortalecer na corrida por Bolsonaro, o PTB busca deixar claro que o clã não terá a mesma dor de cabeça que teve com o Patriota.

O PTB já conversa com deputados do PSL e do DEM em busca de trazer dissidentes que não queiram compor o novo partido decorrente da fusão dos dois. “Queremos reorganizar a nossa bancada federal”, diz Graciela.

Outros partidos

A dificuldade de Bolsonaro em encontrar um partido reside no fato de que ele quer ter o controle dos diretórios estaduais, demanda à qual as siglas tradicionais resistem. Além disso, partidos como o PP, PL, DEM e PSD, por exemplo, pretendem concentrar a maior parte dos seus recursos para fazer grandes bancadas no Congresso e não têm a intenção de focar na campanha à Presidência da República.

Depois de ter flertado com legendas nanicas, como PMB e PRTB, Bolsonaro segue conversando com grandes siglas do Centrão, como o PP. Para os partidos do bloco, a dificuldade reside nas lideranças locais, em especial do Nordeste, reduto eleitoral de Lula, que repelem uma aliança final com Bolsonaro. Já no caso dos nanicos, a filiação do presidente não seria interessante para seus aliados, que encontrariam parcos recursos para disputar as eleições em 2022.

“Falei para ele: você tem que pensar que tua base precisa que você tome uma decisão, a tua base está sofrente”, disse a presidente do PTB.

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