Seus advogados não confirmaram, mas, pelo que circula no Ministério Público do Rio de Janeiro, o empresário Roberto Kremser Calmon, preso a 14 de dezembro, em João Pessoa, na primeira fase da Operação Calvário, teria colaborado com as investigações, antes de ser liberado pela Justiça. Kremser era encarregado de fazer a prospecção dos pagamentos mensais às organizações sociais.
Sua delação teria muitos elementos em relação à célula paraibana da operação criminosa infiltrada na Cruz Vermelha gaúcha, que foi desbaratada pela Calvário, e tinha interface com Daniel Gomes da Silva, considerado o cabeça da organização criminosa, também preso, e agentes públicos do Estado, como a ex-secretária Livânia Farias e o ex-assessor Leandro Nunes Azevedo, ambos presos e liderados após delação.
Kremser foi liberado por determinação da juíza Alessandra Bilac (42ª Vara Criminal do Rio de Janeiro), que determinou, em lugar da prisão, várias medidas cautelares.
Movimentação – A quadrilha movimentou mais de um R$ 1,7 bilhão, conforme o Ministério Público da Paraíba e do Rio de Janeiro. Só na Paraíba, a Cruz Vermelha gaúcha faturou mais de R$ 1,1 bilhão, durante a gestão do ex-governador Ricardo Coutinho desde julho de 2011, quando foi celebrado o contrato de terceirização do Hospital de Trauma.
Doação de campanha – Um detalhe muito relevante foi a informação de que Jaime Gomes da Silva, tio de Daniel Gomes, por uma razão ainda não explicada, doou R$ 300 mil ao então candidato Ricardo Coutinho na eleição de 2010. Então, em julho do ano seguinte, a Cruz Vermelha gaúcha fechou o contrato com seu governo.
Helder Moura