Ex-sócio do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) em uma loja de chocolates da Kopenhagen que, segundo o Ministério Público do Rio, foi aberta para lavar dinheiro, Alexandre Ferreira Dias Santini agora ameaça contar tudo que sabe sobre o parlamentar e colocá-lo na cadeia. De acordo com Rodrigo Rangel, do Metrópoles, Santini foi uma espécie de “laranja de luxo” de Flávio Bolsonaro, na avaliação de promotores que investigaram as chamadas “rachadinhas” do então deputado estadual do Rio de Janeiro.
Há pouco tempo, a amizade de quase duas décadas entre Flávio e Santini desmoronou. Desde o início da campanha eleitoral do ano passado, os dois estão em conflito. Nenhum dos dois explica as razões da briga e pessoas próximas a eles têm versões diferentes. Algumas afirmam que o motivo é puramente pessoal, quase íntimo: Santini organizou festas privadas animadas que teriam colocado Flávio, seu convidado especial, em situações embaraçosas. Outras argumentam que a separação ocorreu devido a diferenças irreconciliáveis na gestão dos negócios compartilhados.
Santini vem enviando pelas redes sociais algumas indiretas a Flávio: “não adianta tentar escapar, tudo é questão de tempo, pois provas não faltam para seus inúmeros ‘crimes na política’ que vão te levar para a prisão”.
“Hoje, Santini trava sua guerra particular contra Flávio Bolsonaro em duas frentes. Em uma delas, ele mostra a cara, cobra do ex-sócio um valor milionário a título de ‘acerto de contas’ e não diz abertamente tudo o que sabe. Em outra, longe de holofotes, se coloca como um homem-bomba, detentor de segredos que, assegura, podem explodir a carreira do primogênito de Jair Bolsonaro”, conta a reportagem. O valor cobrado pelo ex-sócio é de R$ 1.473.344,46.
Procurador, Flávio Bolsonaro admitiu estar recebendo os “recados”. “Ele tem mandado recados esquisitos para mim. Já me pediu dinheiro e eu não dei. Não quero dar linha para maluco. É um ex-sócio e ex-amigo”, disse.
Os segredos alegados por Alexandre Santini abrangem transações em dinheiro vivo, incluindo aquisições milionárias de imóveis realizadas por Flávio, pagamentos de despesas pessoais com recursos de origem suspeita, supostamente obtidos graças à influência do senador no governo federal durante o mandato do pai como presidente, e os bastidores de como ele, pressionado pelo escândalo das rachadinhas, gerenciou o silêncio de Fabrício Queiroz, figura notória no caso. O ex-sócio de Flávio reitera sua disposição de relatar tudo às autoridades e afirma ter se aproximado de advogados ligados ao PT, que estariam dispostos a apoiá-lo na empreitada, assegurando a proteção necessária para que ele revele o que sabe.