O tempo passa e Ricardo Coutinho continua o mesmo político de sempre; centralizador e personalista. O Ricardo de hoje é o mesmo do ano 2000, que foi expulso do PT por considera-se maior que o partido e não respeitar as decisões dos diretórios.
Sem dialogar com (exatamente) ninguém, Ricardo excluiu o PT e começou a montar a chapa que ele acha ideal. Imaginou que só porque deu meia dúzia de gestos contra o impeachment e a favor de Lula, o PT estaria obrigado a aguentar tudo calado, inclusive a ausência na chapa majoritária.
No discurso Ricardo é ‘Lula Livre’, mas na prática está cercado por políticos que o PT considera ‘golpistas’, a exemplo de Efraim Filho, Veneziano, Wilson Filho, Hugo Mota. E chegando mais, já que RC tenta atrair Aguinaldo Ribeiro para a chapa.
O PT também não se sente prestigiado no governo, e tem deputado federal que hoje possui mais cargos que todo o partido.
As executivas municipais do PT em João Pessoa, Campina Grande, Bayeux, Cabedelo e Santa Rita emitiram uma nota na noite deste sábado (28) defendendo que o partido lance uma candidatura própria ao Governo do Estado, deixando de apoiar a pré-candidatura do ex-secretário João Azevêdo, nome defendido pelo governador Ricardo Coutinho (PSB).
Confira a nota:
No próximo dia 26 de maio, o Encontro de Tática Eleitoral definirá os rumos do Partido dos Trabalhadores nas eleições de 2018 na Paraíba. Nesse sentido o PT/PB afirma, em resolução política recentemente aprovada, que nossa prioridade absoluta é a eleição do companheiro Lula e reitera a estrita observância a uma das principais deliberações do VI Congresso Nacional do PT: não apoiará e nem participará de chapas com partidos ou lideranças políticas que apoiaram o golpe.
Embora o PSB tenha fechado questão e votado em bloco pelo impeachment sem crime da presidenta Dilma – sendo, portanto, cúmplice decisivo do golpe – a resolução política aponta para a possibilidade de diálogo com João Azevedo, evocando o apoio e solidariedade do governador Ricardo Coutinho à companheira Dilma e ao companheiro Lula nos momentos mais difíceis.
Nós reconhecemos e agradecemos ao governador por sua postura firme e corajosa no enfrentamento ao golpe, mas o PT/PB não pode definir os seus rumos políticos tendo como norte apenas a retribuição a um posicionamento que, a rigor, era o esperado, pois diante dos processos flagrantemente ilegais, ilegítimos, injustos e inconstitucionais que levaram à deposição da companheira Dilma e à prisão do companheiro de Lula, cabia (e ainda cabe) às lideranças do campo progressista, a solidariedade e a resistência. Para o militante de esquerda, estar ao lado da Democracia, da Constituição e da Justiça na conjuntura de um golpe de Estado não é um favor a ser retribuído, mas um dever a ser cumprido.
Ademais, o PSB vem definindo opções eleitorais que colidem frontalmente com os interesses da esquerda, do PT e do campo progressista. Em nível nacional, a legenda está prestes a lançar a candidatura de Joaquim Barbosa à Presidência da República, um homem sem propostas para o Brasil, o candidato dos sonhos da direita. Um ex-ministro que, na Suprema Corte, se portou como um reles justiceiro sob o comando da mídia corporativa, com o único objetivo de criminalizar o PT. Foi ele o primeiro a rasgar a Constituição, dando início ao golpe por meio de esdrúxulo uso da “teoria do domínio do fato” – aliás, rejeitado pelo próprio autor – para levar à prisão, mesmo sem provas, dirigentes e militantes históricos do PT, como José Dirceu e José Genoíno. Na Paraíba, desenha-se uma chapa majoritária capitaneada pelo PSB com lideranças e partidos conservadores que apoiaram (e ainda apoiam) o golpe.
Ora, o povo brasileiro já entendeu a lógica do golpe e tem consciência da perseguição midiático-judicial ao PT e ao companheiro Lula, sentimentos que se objetivam na sua liderança em todas as pesquisas eleitorais à Presidência da República, no crescimento da aprovação do partido nas pesquisas de opinião e num expressivo processo de novas filiações, acelerado desde a prisão arbitrária e injusta do maior líder popular da história deste país, encarcerado numa solitária há 21 dias e, sadicamente, mantido incomunicável até hoje. Dia a dia, a indignação popular contra a prisão política de Lula se amplia e o PT cresce na confiança do povo, enquanto a militância conclama o partido ao protagonismo.
Assim, avaliamos que o PT/PB deve dialogar com os partidos de esquerda e construir uma candidatura própria ao governo do Estado, de maneira a atender à convocação da militância e oferecer uma alternativa eleitoral aos amplos setores da sociedade paraibana que, crescentemente, se sensibilizam e se mobilizam na resistência ao golpe e em defesa de Lula livre.
Só a candidatura própria do PT ao governo do Estado realmente garantirá um palanque ao companheiro Lula na Paraíba.
Paraíba, 28 de abril de 2018.
Márcio Caniello
Presidente do PT de Campina Grande
Luzenira Linhares
Presidenta do PT de João Pessoa
Alexandro Batista
Presidente do PT de Cabedelo
Severino Leôncio do Nascimento Sobrinho (Biló)
Presidente do PT de Santa Rita
José de Arimatéia Souto de Oliveira – Presidente PT de Bayeux