Quem fica pior na história das joias contrabandeadas da Arábia Saudita para Jair Bolsonaro e sua mulher Michelle? No primeiro capítulo, parecia ser Michelle, afinal, o presente apreendido na alfândega do aeroporto de Guarulhos era destinado a ela.
Bolsonaro, segundo diziam seus ex-auxiliares, como um bom marido apenas tentou reaver o presente da mulher, e mesmo assim para incorporá-lo ao acervo da presidência da República. Michelle poderia usar as joias, mas só enquanto fosse a primeira-dama.
No segundo capítulo, que foi ao ar ontem, Bolsonaro ficou pior. Eram dois presentes, duas caixas de joias trazidas pelo almirante Bento Albuquerque, ex-ministro das Minas Energia, e repartidas por ele com acompanhantes de viagem.
O presente para Michelle foi descoberto por agentes da Receita e ficou retido. O presente para Bolsonaro entrou ilegalmente no país. Dormiu mais de um ano em uma gaveta do Ministério das Minas e Energia até ser entregue ao Palácio do Planalto.
Bolsonaro sabia que o presente dele estava seguro, e o de Michelle não. Ela pode dizer que não pediu nem recebeu presente algum, ele não pode. Ela pode dizer que nada teve a ver com o tratamento criminoso dado ao presente, Bolsonaro não pode.
Os quatro filhos de Bolsonaro, que sempre detestaram a madrasta, ganharam mais razões para isso. O mais popular deles nas redes sociais, o deputado federal Eduardo Bolsonaro, tem quase 1 milhão de seguidores a menos do que Michelle no Instagram.
Carlos Bolsonaro, o vereador, e Flávio, o senador, estão particularmente incomodados com o protagonismo de Michelle dentro do PL, o partido que abriga seu pai. Michelle, agora, preside a seção feminina do PL e pode ser candidata em 2026.
Ricardo Noblat