Em se tratando da legislação eleitoral brasileira, não há nada tão ruim que não possa piorar. O festival de troca-troca, golpes e traições partidárias é consequência de duas alterações recentes feitas pelo nosso brilhante Congresso.
A primeira delas diminuiu o prazo mínimo de filiação partidária para concorrer às eleições, de 1 ano para 6 meses. A segunda, e pior de todas, foi a malfadada janela partidária, que permite a mudança de partido nos últimos 30 dias do prazo de filiação partidária, sem que o parlamentar corra o risco de perder o mandato por infidelidade.
As duas regras prostituiram ainda mais a nossa já combalida política partidária, e também fragilizou os partidos, mas aumentou o poder dos caciques. Com a autonomia que cada diretório nacional possui, a insegurança agora é a regra nos diretórios estaduais e municipais.
É preciso acabar com a janela partidária e voltar o prazo mínimo de filiação para 1 ano antes do pleito. Não existe democracia consolidada sem partidos fortes.
Mas, como não há nada tão ruim que não possa piorar, é bem capaz do nosso Congresso diminuir o lapso mínimo de filiação e empurrar a janela partidária para a véspera das convenções.