Lula pode matar 2 tucanos com uma pedrada só

Muitos acreditam que a política é a segunda profissão mais antiga do mundo. Lula e Geraldo Alckmin se esforçam para demonstrar que ela se parece muito com a primeira. A variante que resulta da cruza hipotética de um petista com um prototucano era coisa de ficção científica. Mas Alckmin pareceu infectado pela ideia de virar vice numa chapa encabeçada por Lula ao declarar para um grupo de dirigentes sindicais que a negociação “caminha”.

Antes das prévias do PSDB, Alckmin estava com um pé fora do partido. Depois da vitória do desafeto João Doria, tirou os dois pés do ninho. A escolha do futuro partido sinalizará que planos Alckmin traçou para 2022. Se escolher o PSD de Gilberto Kassab, disputará o Palácio dos Bandeirantes. Se optar pelo PSB, concorrerá à poltrona no gabinete do vice-presidente da República, no prédio anexo ao Palácio do Planalto.

A eventual tucanização da chapa de Lula deslocaria a candidatura presidencial do PT da esquerda para uma avenida mais próxima do centro, paralela à chamada terceira via. Além de suavizar uma candidatura que Bolsonaro apresentará como assombração do socialismo, Lula mataria dois tucanos com uma pedrada só. Retiraria Alckmin do caminho do PT e São Paulo. E potencializaria as chances de Fernando Haddad, postulante do PT ao governo paulista, na disputa contra o vice-governador Rodrigo Garcia, candidato fabricado por João Doria à sua própria sucessão.

A prioridade de Alckmin é derrotar Doria. Na conversa com os sindicalistas, disse que se preparou para a disputa estadual. Mas admitiu o surgimento de uma nova cepa política, que chamou de “hipótese federal.” É como se Geraldo Alckmin contemplasse a alternativa de responder ao Bolsodoria, variante de 2018, com uma mutação viral da espécie Lulamin. Ou Lulaldo.

Josias de Souza

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