O desafio de Romero (por Lúcio Flávio)

A política é uma das maiores criações da humanidade. Na ausência da política, reina a luta de todos contra todos, impera o domínio do mais forte sobre o mais fraco. É o estado de barbárie.

A política é arte e ciência. Deve ser exercida com equilíbrio entre razão e emoção. Conduzida pelo cérebro e coração.  Não deveria ser um jogo de vale tudo pelo poder, como tem acontecido no Brasil nos últimos tempos.

Romero Rodrigues (PSD) enfrenta um grande desafio pela frente. Deseja legitimamente ser candidato a governador. Tem tirocínio para disputar o cargo. Foi vereador, deputado estadual, deputado federal e prefeito duas vezes de Campina Grande, segunda cidade do estado.

Cordato, sereno, inteligente, Romero Rodrigues tem perfil de conciliador. Mas sua aliança com Jair Bolsonaro, apontado em pesquisas de opinião como um governo desastroso rejeitado pela maioria da população, tem maculado sua imagem.

Jair Bolsonaro construiu sua trajetória política com uma retórica violenta e antidemocrática. Sua vinculação com a milícia do Rio de Janeiro é publica e notória. Ao chegar à presidência, tem demonstrado atitudes golpistas.

Sua errática administração tem causado danos ao meio ambiente, aos avanços dos direitos humanos e as relações internacionais. O enfrentamento a epidemia de Covid-19, os indícios de corrupção na aquisição de vacinas e o escândalo das rachadinhas têm revelado a verdadeira face do mito.

Caso Romero Rodrigues queira manter-se dentro do espaço civilizatório que sempre foi seu ambiente político, terá que se afastar de Jair Bolsonaro. Do contrário, poderá amargar uma grande derrota pessoal e ética, além de política.

Lúcio Flávio é professor titular do Departamento de História da UFPB e ex-secretário chefe da Casa Civil do Estado.

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