Quem precisa de adversário político quando se tem um aliado como o deputado estadual Tovar Correia Lima? Ainda estou sem entender porque o parlamentar teve a infeliz ideia de associar Cássio Cunha Lima ao bolsonarismo; parafraseando Lênin, a doença infantil do conservadorismo.
Segundo Tovar, Cássio poderia assumir o partido de Bolsonaro na Paraíba, o Aliança pelo Brasil.
Será que o deputado já refletiu sobre o que o bolsonarismo representa e quão nociva é sua ideologia militarista, neoliberal, racista, machista, homofóbica, negacionista, fundamentalista, autoritária, e tudo mais de ruim que possa existir nesses tempos sombrios?
É uma pena que um deputado tão jovem simpatize com os ideais do bolsonarismo. Espero que ele não acredite que a terra seja plana.
Ninguém duvida que Cássio Cunha Lima precisa mudar de partido e dar um ‘up grade’ na sua carreira política, se assim ele desejar, claro. Mas um partido que o traga para a centro-esquerda progressista, onde o saudoso Ronaldo Cunha Lima começou a fazer política.
Continuar no ninho tucano e com a mesma forma de fazer política é não entender o recado das urnas em 2018.
Historicamente o PSDB foi uma péssima escolha a acabou empurrando Cássio para o conservadorismo, coisa que Ronaldo Cunha Lima sempre combateu. Prova disso é que Ronaldo jamais foi classificado como um político conservador.
Quem ainda discorda que o PSDB foi uma péssima escolha para Cássio Cunha Lima, é só imaginar como teriam sido seus governos se Cássio estivesse num partido de centro e não rivalizasse com o lulismo em seu auge, 2002/2006. O ex-governador não teria passado o sufoco que passou em ambas eleições e muito menos teria perdido o apoio de eleitores do campo progressista.
Ao querer jogar Cássio para a extrema-direita, certamente Tovar não entendeu o recado das urnas no Nordeste e na Paraíba. Ou então o deputado acha que Cássio vai disputar um novo mandato pelo estado de Santa Catarina.
Acho que nem Cássio entendeu a motivação de Tovar. Mas logo tratou de desmentir a informação.
Associar Cássio ao bolsonarismo é estratégia do adversário. O que Cássio ganharia com isso? Voto não é, pois só em João Pessoa, Bolsonaro já perdeu um terço da sua intenção de voto, como revelou a pesquisa Datavox em setembro.
Na eleição de 2018, Bolsonaro venceu em João Pessoa no 1° turno com 49,8%. Em segundo ficou Haddad com 24,3% e Ciro Gomes com 17,5%.
Considerando apenas os votos válidos da pesquisa Datavox, hoje Bolsonaro teria 36,1% dos votos em João Pessoa. Fernando Haddad 34,8% e Ciro Gomes 16,5%. E a tendência é de mais queda.
A ultra-direita não é o caminho, ainda mais no Nordeste.
E muito ajuda quem não atrapalha.