Temer precisa de 171 votos na Câmara para não ser afastado da presidência da República.
Não vai ser fácil convencer os aliados a marcharem para o sacrifício porque as provas contra Temer foram testemunhadas por todos os brasileiros na cena inesquecível em que um aparvalhado amigo de fé, irmão, camarada do presidente corre na calçada com mala de 500 mil reais na mão que recebeu das mãos de um diretor da JBS.
Eles não poderão ir ao microfone do plenário enrolados na bandeira brasileira, como fizeram com Dilma e proclamarem sua adesão irrestrita à luta contra a corrupção, em nome de seus pets.
O que dirão agora para justificar o voto em Temer? Que são a favor da corrupção?
Votar contra Dilma, há um ano, dava prestígio nas ruas.
Era a cruzada do bem contra o mal. Da bandeira verde-amarela contra a vermelha.
As ruas estão vazias no momento, mas os que estão em casa, no escritório ou nas fábricas não querem mais saber de Temer, é o que apontam as pesquisas.
Não precisam ir à rua para dizer isso. Ou seja, não querem nem se dar ao trabalho de ir às ruas.
Votar contra Dilma dava, além de voto na rua, cargo no governo. O governo estava só no começo, repleto de cargos apetitosos.
Agora, o governo é um fim de feira.
Os deputados sabem que se votarem a favor de Temer serão apontados como corruptos, tal como ele, porque a população já percebeu que é assim que o governo Temer funciona.
Para que vão querer mais essa pecha?
Ao derrubarem Dilma, os aliados de Temer apostavam que o novo presidente os protegeria da Polícia Federal.
Um ano depois constatam que ele não consegue nem proteger a si próprio, quanto mais os demais enrolados na Odebrecht e na JBS.
O número 171 tem dois significados no Brasil.
É o número do artigo do Código Penal que diz respeito ao crime de estelionato:
“Art. 171 – Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento”.
Ou seja, enganar outras pessoas para conseguir vantagens.
“171” também é uma gíria muito utilizada entre criminosos para designar o mentiroso, mau caráter, não confiável, manipulador.
Temer precisa de 171 deputados “171” para sobreviver.
A acusação de corrupção é a primeira. Mais duas estão a caminho, por obstrução de justiça e de organização criminosa.
Para cada uma delas será necessário esse quórum.
Em outras palavras, o governo Temer acabou.
Daqui em diante a sua agenda é uma só: adiar o fim o máximo possível.