Nas próximas semanas figurões da política paraibana viverão um verdadeiro calvário e poderão acabar atrás das grades. O governo do PSB passou recibo e praticamente confessou culpa ao decretar a intervenção nos hospitais geridos pela famigerada (e cara) Cruz Vermelha.
A intervenção veio semanas após a Operação Calvário, coordenada pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, que levou para a cadeia responsáveis pelas organizações sociais que atuam nas instituições de saúde paraibanas e em vários outros estados.
Menos destemido e mais cauteloso que Ricardo Coutinho, o governador João Azevedo tratou de afastar a batata quente, certamente inspirado naquele ditado popular: quem pariu Mateus que balance.
Mas o que chama a atenção é a demora em afastar uma organização – ao que tudo indica, criminosa- depois da operação que acabou com a pouca credibilidade da Cruz Vermelha.
Será que o governo teme delações premiadas e João Azevedo quis tirar o seu da reta? Porque, se a Cruz Vermelha desviava recursos públicos, certamente isso também ocorria na Paraíba, uma vez que o governo paraibano é o maior cliente da organização, conforma o quadro a seguir:
As duas organizações sociais geriram mais de um bilhão de reais entre 2011 e 2018, na Paraíba, segundo dados da operação desencadeada pelo Ministério Público.
O ex-governador Ricardo Coutinho sempre fez uma defesa intransigente e apaixonada da Cruz Vermelha, mesmo ela prestando um serviço 100% mais caro e com dezenas de denúncias do TCE e Ministério Público à época:
O mais curioso é que RC, no apagar das luzes de 2018, decidiu turbinar o contrato (nº 0223/2017) de terceirização do Hospital de Trauma com a Cruz Vermelha Gaúcha. Mesmo após a operação que prendeu diretores das ONGs.
Conforme publicação em Diário Oficial, o termo aditivo no valor de R$ 309.911.555,02 prorrogou o contrato (iniciado em junho de 2017) até 30 de junho de 2019. O termo foi assinado em 21 de dezembro último.
O detalhe é que, até o último mês de agosto, os valores mensais estavam em torno de R$ 14 milhões e os valores totais repassados já somavam mais de R$ 822 milhões. Lembrando que, durante o governo Maranhão, até dezembro de 2010, o Hospital de Trauma era gerido por pouco mais de R$ 4 milhões. Quando o ex-governador contratou a Cruz Vermelha gaúcha, em junho de 2011, o valor saltou de cara para R$ 8,2 milhões.