Quem vai ganhar a eleição, Lula ou Bolsonaro?

Entre as empresas que fizeram pesquisas no 1º turno, as seguintes mantiveram-se mais ou menos consistentes na direção/sentido: Atlas, Datafolha, FSB, MDA, Ideia, Ipec, Ipespe, PoderData, Quaest.

Entre as consistentes, a diferença entre Lula e Bolsonaro, em votos totais, varia, hoje, entre 4 e 6 pontos.

A 10 dias da batalha final, ainda existe uma barreira de 5 milhões de votos, numa projeção conservadora, interpondo Lula e Bolsonaro.

Na atual velocidade e escala, não haverá ultrapassagem. Bolsonaro teria de acelerar. Aqui começa o problema: os votos que serviram para reduzir levemente a margem vieram, segundo as pesquisas, menos de Lula e mais de indecisos, votos brancos e nulos.

O estoque de indecisos/brancos/nulos (5%) não é suficiente para cacifar a virada. Quem vota em Lula, não vota em Bolsonaro. E vice-versa. Há raríssimos casos de conversão.

Se não há estoque de votos de indecisos, brancos e nulos, e se não há muita chance de viragem de voto, qual pode ser a carta na manga do bolsonarismo?

As abstenções, claro. Mas notem, também, que aqui o jogo é menos simples para Bolsonaro do que parece.

Segundo simulação feita pela Quaest, a distorção, no primeiro turno, foi da ordem 6:4. Em números aproximados, cada ponto adicional de abstenção, a partir do patamar já alto de 21% (1o t), tiraria 0.2 pp da vantagem de Lula. Se bater em absurdos 25%, reduz 1 ponto na margem.

Há também atenuantes: não houve mobilização no 1º turno, do lado de Lula, contra a abstenção. Parece já ter havido do lado bolsonarista.

Além disso, há a dificuldade imposta pelo feriado de 2 de novembro. Não creio em impacto significativo, mas, se houver, é contra Bolsonaro.

Ou seja: ainda que seja incrível que estejamos, a esta altura do campeonato, considerando a real hipótese de vitória de Bolsonaro (e é incrível mesmo), as chances de Lula seguem altas. Consideravelmente mais altas.

De aspectos institucionais (prefeituras), a caronas solidárias de parentes/amigos (sociedade civil), esta será a última fronteira da disputa.

Dawisson Belém Lopes é professor e diretor-adjunto de Relações Internacionais da Universidade Federal de Minas Gerais

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