O empresário Paulo Marinho (PSDB-RJ) disse hoje, em publicação no Twitter, que o presidente Jair Bolsonaro (PL) pediu para que Gustavo Bebianno — então presidente do PSL, morto em 2020 — contratasse pela sigla o ex-assessor Waldir Ferraz, o “Jacaré”, por R$ 20 mil ao mês. Bolsonaro foi eleito presidente da República em 2018 pelo PSL.
“A verdade: o vagabundo do presidente pediu para que Gustavo contratasse Jacaré na folha do PSL recebendo R$ 20k. Bebianno negou mais essa rachadinha”, postou Marinho, ex-aliado da família Bolsonaro e atual suplente de Flávio Bolsonaro no Senado.
https://twitter.com/PauloMarinhoRio/status/1485360256922361864?cxt=HHwWkIC51ZXSh50pAAAA
O nome de Jacaré, amigo de Bolsonaro, veio à tona na última quinta-feira (20), quando a revista Veja publicou uma entrevista em que ele diz que Ana Cristina Valle, ex-mulher do presidente, foi responsável por comandar o suposto esquema de rachadinhas nos gabinetes do então deputado federal Jair Bolsonaro e dos seus filhos Flávio e Carlos. Poucas horas após a publicação, Waldir negou as declarações — a revista publicou áudios com trechos da entrevista na última sexta (21).
A afirmação de Marinho hoje foi para rebater trecho da entrevista de Jacaré a Veja, em que ele diz que convenceu o presidente sobre Bebianno estar envolvido no atentado de 2018, quando Bolsonaro levou uma facada durante a campanha para as eleições.
Segundo Jacaré, Bebianno queria, com a morte do então candidato, substituir Bolsonaro na disputa presidencial. O ex-assessor, então, teria contado os detalhes do suposto plano ao presidente e ao seu filho Carlos Bolsonaro, vereador pelo Rio de Janeiro.
“Meu consolo: em janeiro de 23 Jacaré retorna para o anonimato e a família presidencial vai para cadeia”, escreveu Paulo Marinho, como resposta à fala do amigo de Bolsonaro.
Ex-aliado
Marinho foi um dos principais aliados Bolsonaro durante a campanha presidencial de 2018. Em maio de 2020, ele afirmou, em reportagem da Folha de S.Paulo, que Flávio revelou a ele, em 2018, ter recebido informações privilegiadas da Polícia Federal (PF) sobre Fabrício Queiroz, um dos mais importantes assessores do então deputado estadual no Rio.
O empresário chegou a se lançar como pré-candidato a prefeito do Rio de Janeiro nas eleições de 2020, mas desistiu da disputa para seguir orientação do PSDB de apoiar o então candidato Eduardo Paes, à época no DEM — ele saiu do pleito vencedor e trocou os Democratas pelo PSD em maio de 2021.
Em junho do ano passado, Marinho se afastou da presidência do PSDB no Rio e se mudou para São Paulo com o objetivo de apoiar o governador João Doria nas prévias tucanas —Doria foi escolhido como representante da sigla na disputa pela Presidência.
Quem é Waldir Ferraz
O jornalista Waldir Ferraz, 70, amigo de Jair Bolsonaro há mais de três décadas, é uma espécie de “faz-tudo” da família presidencial. Nesta semana se tornou assunto após declarações relacionadas à suposta prática de “rachadinha” em gabinetes do clã Bolsonaro.
Amigo do presidente desde o fim dos anos 1980, Waldir (ou Jacaré) já atuou como segurança, assessor e motorista dos Bolsonaro. Atualmente é assessor especial do governo do Rio, com salário bruto de R$ 12 mil.
Em 2020, foi candidato a vereador no Rio de Janeiro, sem sucesso, apesar do cabo eleitoral ilustre. No ano anterior, recebeu a honraria de Comendador (terceira de cinco níveis) na Ordem de Rio Branco, no Itamaraty.