Revelação na jovem advocacia paraibana, Rômulo Oliveira surpreendeu mais uma vez ao convencer Júri e Ministério Público a absolver um réu confesso de um crime com 19 facadas.
Com uma retórica afiada e eloquente, Rômulo conseguiu o que para muitos seria improvável.
Anotem este nome.
Nas redes sociais, o advogado criminalista comentou o feito:
Medo e ira, eis a história de Antônio Carlos, contada por mim na sessão de hoje do Tribunal do Júri de Santa Rita; Antônio, era réu confesso de um homicídio executado com 19 facadas.
Antes que se pense errado, não se trata de um monstro. Não. Apenas de um homem comum – trabalhador e sem problemas com a lei – que fez uma dura travessia. Navegou em águas turvas, indo do medo à ira, quatro meses após conviver com reiteradas ameaças da vítima (um homem agressivo e conhecido pelo manuseio de armas brancas contra os outros). Por fim, uma provocação/ameaça final respondida desproporcionalmente.
Na Divina Comédia Humana, Dante Alighieri representa o pecado capital da IRA no quinto círculo, onde os iracundos ficam imersos na lama ardente do Pântano de Estige, que deságua no Rio Tártaro de Hades.
Antônio não submergiu, atravessou.
Sua ira escondia o medo de quem esteve por tanto tempo sob ameaça constante. Reprimida, esta tensão fez da violência uma resposta à hipótese de ser subjugado pelo outro mais forte. Medos não enfrentados se convertem em ira, que explode com o gatilho necessário, no caso, uma nova ameaça.
Essa história desconstruiu a ideia de crueldade apontada pelo laudo pericial e o motivo fútil sustentado pela acusação; tendo como arremate a tese da legítima defesa putativa. O Conselho de Sentença compreendeu e a acolheu. Ao final, o próprio Parquet [Ministério Público] saiu convencido. Réu absolvido.
Belchior, na sua visão próprio acerca da Divina Comédia, foi cirúrgico: “Enquanto houver espaço, corpo, tempo e algum modo de dizer não… Eu canto”
