Já dizia o ditado popular: casa de ferreiro, espeto de pau. Pouca gente sabe, mas o prefeito de Santa Rita, Emerson Panta, é médico.
Mas nem parece, já que o calcanhar de Aquiles da gestão é justamente a saúde pública, um verdadeiro caos.
Apesar de contar com um prefeito médico há quase 8 anos, o povo de Santa Rita continua dependente do serviço público de João Pessoa.
A construção do hospital infantil, por exemplo, se arrasta há 7 anos. Se alguém tiver o azar de quebrar um braço, terá que correr para o Trauminha em João Pessoa. Santa Rita também não conta com um centro de imagens nem hemodiálise.
Uma reportagem especial do JPB, no ano passado, relatou o drama vivido pela população de Santa Rita, destacando as obras inacabadas na cidade:
Quatro postos de saúde inacabados na mesma cidade
A autônoma Cecília Alexandre mora no bairro Vidal de Negreiros, em Santa Rita, Região Metropolitana de João Pessoa. Na frente da casa dela, que fica em uma área populosa da cidade, a estrutura de um posto de saúde que começou a ser feito mas ficou abandonado há nove anos. Enquanto isso, ela precisa se virar em um posto de outro bairro.
“O atendimento nos postos aqui é péssimo. Vai em um dia pegar ficha e ser atendido no outro. Muitas vezes a gente vai e não é atendido, está faltando médico. É muito difícil, porque a gente não tem condição de todo mês pagar um médico particular”, diz Cecília.
Paulo Martins, que também é autônomo, foi quem mandou a mensagem para a equipe de reportagem explicando a situação. Ele está revoltado com o atraso na conclusão da obra.
“É muito dinheiro público sendo gasto, sem o devido acompanhamento técnico, para que de fato possa concluir e servir a população. Isso aqui é uma unidade de saúde, setor deficitário, com tantos problemas, e uma obra como essa ficar pelo caminho nos causa tristeza, revolta e indignação. A obra não é da gestão, ela na verdade pertence ao povo. Qualquer gestor que esteja no comando tem que ter a responsabilidade, e principalmente a sensibilidade, de não deixar uma obra dessas parada”, diz.
No local dessa obra, além de algumas paredes levantadas e laje feita, mato. O posto de saúde do bairro Vidal de Negreiros foi orçado em R$ 462 mil, e começou a ser feito em dezembro de 2014. A previsão era de conclusão em seis meses, mas ficou parado com apenas 30% de execução.
Já no bairro Eitel Santiago, também em Santa Rita, o investimento previsto para o posto de saúde era de pouco mais de R$ 400 mil. Mais de R$ 300 mil foram pagos e a obra está com 70% de execução. Depois disso parou, e com a destruição causada pelo tempo, provavelmente a porcentagem vai diminuir e muita coisa vai ter que ser refeita.
A estrutura está comprometida em alguns lugares. Em uma das salas, não há telhado, apenas a laje com infiltração e rachaduras. Ao lado, uma parede trincada, prestes a cair, pois do outro lado dela, onde seria outra sala, a laje já caiu.
Gilson Machado, que é autônomo, mora dentro do prédio desde 2017, e espera a prefeitura doar uma casa prometida a ele depois da obra ser retomada. “Disseram: ‘qualquer coisa procure, uma cesta básica, um custo financeiro, e quando a gente precisar do prédio, o senhor tem direito de uma casa”, contou. Até agora, segundo ele, nada.
Santa Rita tem quatro Postos de Saúde da Família (PSFs) nesta mesma situação. Além dos postos do Vidal de Negreiros e do Eitel Santiago, obras inacabadas também estão nos bairros Augustolândia e Marcos Moura.
Já foram gastos quase R$ 1 milhão, metade do valor previsto para a conclusão desse pacote de obras que foi prometido em 2014.